Paradoxo de Olbers: Por que o céu é escuro à noite?

O céu noturno é escuro, mas você já se perguntou por que? Com incontáveis estrelas espalhadas pelo Universo, a luz delas não deveria iluminar todo o céu? Esta pergunta, conhecida como paradoxo de Olbers, tem confundido astrônomos por séculos. Embora a resposta pareça simples a princípio, a explicação real revela verdades surpreendentes sobre a natureza do nosso Universo.

Índice

Por que o céu escuro é considerado um paradoxo?

Você deve estar pensando: "O que há para discutir? O céu é escuro à noite porque o Sol está baixo!”. Mas pense nas estrelas.

Só a nossa galáxia Via Láctea contém de 100 a 400 bilhões de estrelas, e o Universo observável contém de 100 a 200 bilhões de galáxias. É um número enorme de estrelas, para dizer o mínimo! Acrescente a isso a suposição de que o nosso Universo pode realmente ser infinito. Qualquer pequeno pedaço do céu que você escolher para olhar deve conter miríades de estrelas, e, portanto, o céu noturno deveria ter um brilho deslumbrante. Porém, não é assim na realidade.

Esta contradição intrigante é conhecida como o paradoxo de Olbers, em homenagem ao astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840). Fique conosco — vamos resolver o paradoxo em poucos minutos!

O que é o paradoxo de Olbers, em termos simples?

Aqui está uma forma simples de afirmar o paradoxo de Olbers:

Se o Universo é infinito e há um número infinito de estrelas distribuídas igualmente, então o céu inteiro deveria estar coberto de estrelas. Deveríamos conseguir ver uma estrela em qualquer direção que olhássemos, então o céu noturno deveria estar brilhantemente iluminado. Por que está escuro, então?

Dense forest
Uma floresta densa sem espaços entre as árvores — assim como o Universo cheio de estrelas.

Para entender melhor o paradoxo de Olbers, imagine-se no meio de uma floresta densa. Para onde quer que você olhasse, veria uma parede de árvores sem espaços entre elas. E é apenas uma floresta, que pode ser grande, mas não é de forma alguma infinita. Agora, tente estender essa analogia a um Universo infinito e cheio de estrelas!

Possíveis soluções (porém erradas) para o paradoxo de Olbers

Ao longo dos séculos, houve várias tentativas de explicar o fenômeno intrigante do céu noturno escuro. Vamos considerar algumas dessas explicações e descartá-las.

As estrelas no Universo estão distribuídas fractalmente, não uniformemente

Por que está errada: essa hipótese poderia ter explicado o paradoxo, mas os dados astronômicos modernos não a sustentam. O Universo parece ser quase perfeitamente isotrópico (ou seja, igual em todas as direções).

O Universo tem um número finito de estrelas

Por que está errada: mesmo que seja finito, o número de estrelas no Universo ainda é enorme e seria suficiente para iluminar todo o céu noturno.

Não vemos algumas estrelas porque elas estão muito longe e, portanto, muito fracas

Inverse square law
Não importa quão longe as estrelas estão, sua luz combinada deveria ter tornado o céu uniformemente brilhante.

Por que está errada: vamos dividir o Universo infinito em camadas esféricas uniformes com a Terra no centro. Se uma camada contém uma certa quantidade de estrelas, então a camada posicionada duas vezes mais longe da Terra conteria quatro vezes mais estrelas devido à homogeneidade do Universo. No entanto, segundo a lei do quadrado inverso, as estrelas na camada mais distante também brilhariam de forma quatro vezes mais fraca quando observadas a partir da Terra. Isso significa que a luminosidade total de cada uma dessas camadas seria a mesma. Assim, cada camada de estrelas produziria a mesma quantidade de luz, não importa a distância. Como resultado, o céu seria iluminado uniformemente.

O espaço está cheio de poeira interestelar que bloqueia a luz de estrelas distantes

Por que está errada: a luz das estrelas inevitavelmente aqueceria a poeira. Segundo a lei de conservação de energia, a poeira logo começaria a redirecionar a luz absorvida e a brilhar tão intensamente quanto as estrelas.

Solução para o paradoxo de Olbers: O mistério desvendado

Existem dois fatores principais que podem explicar o “paradoxo do céu escuro”. Devido a ambos, vemos espaços vazios entre as estrelas no céu noturno.

  • 1. O Universo não é infinitamente antigo.
Edge of observable Universe
A idade do Universo nos permite ver apenas os objetos a uma certa distância.

Nosso Universo tem cerca de 13,8 bilhões de anos. A luz leva tempo para viajar, então só podemos observar objetos que estão localizados a 13,8 bilhões de anos-luz de distância — não mais longe. Como o Universo é infinito em tamanho, muitas estrelas e galáxias estão invisíveis para nós simplesmente porque sua luz ainda não chegou até nós.

  • 2. O Universo está se expandindo.
Universe's expansion
A expansão do Universo estica a luz estelar distante para comprimentos de onda que não podemos ver.

Edwin Hubble descobriu em 1929 que o Universo está em expansão, fazendo com que a luz das galáxias distantes se estique à medida que se afastam de nós. Esse efeito, conhecido como desvio para o vermelho, desloca a luz para comprimentos de onda maiores e, eventualmente, — para o espectro infravermelho. Os olhos humanos não conseguem ver a luz infravermelha, então estrelas e galáxias muito distantes tornam-se invisíveis para nós.

Portanto, a escuridão do céu noturno é devido aos limites do tempo, espaço e visão humana.

Paradoxo do céu escuro: Conclusão

Para onde quer que você olhe no céu, há uma estrela ou galáxia. Você simplesmente não consegue ver muitas delas porque ou a luz delas ainda não chegou até nós ou se desviou para o espectro infravermelho. É por isso que o céu noturno parece escuro para um olho humano. Quer explorar as estrelas que você pode ver? Use o aplicativo Sky Tonight para identificar qualquer ponto brilhante no céu em tempo real!

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